Recentes descobertas científicas têm chamado a atenção para os riscos que determinados produtos utilizados em jardins podem representar para a saúde dos animais de estimação. Entre esses produtos, destaca-se o herbicida 2,4-D, amplamente empregado em gramados residenciais e áreas agrícolas. O alerta vem de organizações de bem-estar animal, que orientam tutores a redobrar os cuidados ao expor cães e outros pets a ambientes tratados com esse tipo de substância.
O 2,4-D, conhecido como um dos herbicidas mais comuns no mundo, foi associado a um aumento significativo no risco de câncer em cães, especialmente o linfoma maligno. Pesquisas realizadas ao longo das últimas décadas indicam que a exposição frequente ao produto pode elevar em até 200% a probabilidade de desenvolvimento da doença em animais domésticos. Embora existam estudos com resultados divergentes, a preocupação permanece entre especialistas e entidades ambientais.
Por que o 2,4-D é considerado perigoso para cães?
O principal motivo de preocupação com o 2,4-D está relacionado ao comportamento natural dos cães. Diferentemente dos humanos, que raramente entram em contato direto com gramados recém-tratados, os cães costumam rolar, farejar, cavar e até mesmo levar resíduos à boca. Essa exposição intensa facilita a absorção de resíduos químicos presentes na grama, aumentando o risco de intoxicação e de doenças graves, como o câncer.
Quais são os impactos ambientais do uso do 2,4-D?
Além dos riscos à saúde dos animais domésticos, o uso do 2,4-D pode causar efeitos negativos no meio ambiente. O herbicida é capaz de permanecer no solo e na água por períodos prolongados, prejudicando a biodiversidade local. Espécies aquáticas, como peixes e outros organismos, são especialmente vulneráveis, já que o produto pode ser altamente tóxico para esses seres. A contaminação ambiental pode afetar cadeias alimentares inteiras, trazendo consequências econômicas e sociais para comunidades que dependem desses recursos.

Como proteger animais de estimação do contato com o 2,4-D?
Adotar medidas preventivas é fundamental para reduzir o risco de exposição dos pets ao 2,4-D. Entre as principais recomendações estão:
- Evitar o uso de herbicidas químicos em jardins e quintais frequentados por animais de estimação.
- Optar por métodos naturais de controle de pragas, como o plantio de espécies repelentes ou o uso de armadilhas biológicas.
- Manter os cães afastados de áreas recém-tratadas com produtos químicos, especialmente durante períodos de calor e seca, quando a concentração de resíduos pode ser maior.
- Lavar frutas e vegetais antes de oferecê-los aos animais, garantindo que estejam livres de resíduos de pesticidas.
- Observar sinais de intoxicação ou alterações comportamentais nos pets após contato com gramados tratados e buscar orientação veterinária caso necessário.
O 2,4-D ainda é permitido no Brasil e no mundo?
Apesar das evidências científicas e dos alertas de entidades ambientais, o 2,4-D segue autorizado em diversos países, incluindo o Brasil. Órgãos reguladores, como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), revisaram o uso do produto em 2004 e 2014, mas decidiram mantê-lo no mercado devido à falta de consenso sobre os riscos em humanos e animais. No entanto, a classificação do 2,4-D como “possivelmente cancerígeno” por agências internacionais reforça a necessidade de cautela e de busca por alternativas mais seguras.
O debate sobre o uso do 2,4-D e outros agrotóxicos permanece atual em 2025, com pesquisadores e organizações de proteção animal recomendando a adoção de práticas mais sustentáveis e a priorização da saúde dos pets e do meio ambiente. A escolha por soluções naturais e a atenção aos riscos associados ao uso de herbicidas são os importantes para garantir o bem-estar dos animais de estimação e a preservação da biodiversidade.