CELEBRAÇÃO

Santo Antônio e os milagres do amor no Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados coincide com o período das festividades juninas e com o Dia de Santo Antônio, amanhã. Conheça histórias de casais que encontraram depois de pedidos para ao santo casamenteiro

A tradição do pão de Santo Antônio, uma das mais aguardadas do dia, tem raízes antigas, ligadas à generosidade -  (crédito: Fotos: Carlos Silva/CB/D.A.Press - Bruna Gaston CB/DA Press)
A tradição do pão de Santo Antônio, uma das mais aguardadas do dia, tem raízes antigas, ligadas à generosidade - (crédito: Fotos: Carlos Silva/CB/D.A.Press - Bruna Gaston CB/DA Press)

No Dia dos Namorados, diversos casais da capital manifestam seu amor e cumplicidade. Entretanto, outra data também carrega um simbolismo especial tanto aos apaixonados quanto à comunidade católica do Distrito Federal: o Dia de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho. Em meio às bandeirolas de festas juninas, aos pedidos sussurrados em oração e aos corações ansiosos por um amor, Brasília se rende à tradição do santo casamenteiro. Santo Antônio, o santo dos humildes e dos apaixonados, ganha espaço nas igrejas, nos lares e nas lembranças de quem acredita que o amor, quando vem, é milagre.

A fama de Santo Antônio como o "santo casamenteiro" atravessou séculos e fronteiras. A origem dessa tradição vem de uma história tocante. Conta-se que uma jovem, sem recursos para se casar por não ter um dote — valor exigido na época para o como parte do acordo matrimonial — recorreu a Santo Antônio. Movido pela súplica, o santo teria lhe dado um bilhete endereçado a um comerciante. Nele, pedia que o homem entregasse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel.

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O comerciante, imaginando que a quantia seria insignificante, aceitou. Mas, para sua surpresa, o papel pesou o equivalente a 400 escudos de prata — exatamente a quantia que ele próprio havia prometido doar a Santo Antônio tempos antes, e nunca cumprira. Diante do acontecimento, viu ali um sinal divino, cumpriu sua promessa, e a jovem enfim pôde se casar. 

 

Fé, amor e tradição

Aos 85 anos, dona Marta da Cunha carrega no peito uma história de fé que se entrelaça com a própria história de Brasília. Devota de Santo Antônio há 58 anos, ela acredita que foi com uma "ajudinha do céu" que conheceu o grande amor de sua vida: Vicente de Paula Rodrigues da Cunha (falecido aos 74 anos), companheiro de jornada e pai de seus seis filhos. "A gente se encontrou rezando. Cada um, sem saber do outro. Foi coisa de destino, de oração cruzada. Pegamos na mão e não soltamos mais".

Marta da Cunha guarda com carinho a foto do casamento com o amor da vida dela, Vicente Rodrigues
Marta da Cunha guarda com carinho a foto do casamento com o amor da vida dela, Vicente Rodrigues (foto: Carlos Silva/CB/D.A.Press)

Mais do que formar uma família, dona Marta e seu Vicente ajudaram a levantar, literalmente, a festa de Santo Antônio no Santuário da 911 Sul. Com a mãe, dona Blandina, também devota fervorosa, começaram vendendo quentão na porta da igreja. Depois veio o churrasco feito em casa, as barracas de madeira cobertas com palha da chácara, e uma comunidade inteira se formando em torno da fé. "Todo mundo queria ajudar. A festa foi crescendo, foi virando tradição. Era tudo com muito carinho por mim e meu marido".

 

Prece atendida

Em outros casos, a intercessão de Santo Antônio é mais sutil. Foi no meio da correria de um evento no trabalho, entre caixas e preparativos, que Priscilla Canuto, hoje com 39 anos, fez uma oração silenciosa ao santo. Pedia, com fé, um sinal: "Se ele for a minha graça, que apareça agora e me chame para sair." E apareceu. Na mesma hora, Hugo Canuto, então chefe de área e amigo de longa data, saiu da sala ao lado. Minutos depois, o primeiro encontro foi marcado. Desde então, não se separaram mais.

 10/06/2025 Bruna Gaston CB/DA Press. Paróquia Santo AntÎnio casal
A história, que soma 14 anos de parceria — sendo 12 de casamento —, começou com amizade e ganhou força com fé (foto: Bruna Gaston CB/DA Press)

A história, que soma 14 anos de parceria — sendo 12 de casamento —, começou com amizade e ganhou força com fé. Priscilla havia feito uma promessa ao Santo Casamenteiro: participou da trezena, escondeu uma imagem de Santo Antônio no escuro e fez um pedido claro. Queria um bom marido, católico, disposto a formar uma família. "Prometi que só tiraria a imagem de lá quando encontrasse esse homem. E que me casaria na igreja de Santo Antônio. Cumpri a promessa em 2023".  Para o casal, não há dúvida: o santo teve papel determinante no encontro e na construção do lar que formaram. "Minha fé era grande, mas cresceu. Vivemos tudo isso juntos", conta Hugo.

 

Amor em sintonia

O amor de Sumara e Eduardo Gallo começou entre violões e ensaios de músicas católicas, num grupo jovem chamado Segue-me, em 1995. Ela, com 20 anos, cheia de sonhos e fé; ele, o "chefinho" da equipe de animação. "Confesso que só perguntei o nome dele depois que começamos a namorar", brinca Sumara. Até hoje, ela o chama carinhosamente de Gallo. O casal, que hoje está junto há quase três décadas, acredita que Santo Antônio apenas aguardava o momento certo para unir os dois.

Hoje, 30 anos depois de se conhecerem, o amor de Sumara (D) e Eduardo Gallo (C) segue mais vivo do que nunca. Na foto, eles estão com a filha, Gabriella Gallo (E)
Hoje, 30 anos depois, o amor de Sumara (D) e Eduardo (C) segue vivo. Na foto, a filha Gabriella (E) (foto: Carlos Silva/CB/D.A.Press)

Embora não tenha feito promessas formais, Sumara revela que, na juventude, pedia em silêncio ao santo por um amor verdadeiro. "Santo Antônio sabe ler o coração dos seus fiéis", diz. E leu. O reencontro definitivo dos dois aconteceu em um encontro da Pastoral da Juventude com adolescentes, no Mosteiro São Bento. Pela primeira vez, conseguiram um instante a sós.

Em meio à correria, pararam, conversaram sobre a vida, os medos, os sonhos... e foi ali que o amor desabrochou. "Acho que Santo Antônio e São Bento agiram juntos naquele dia", ri ele. De lá para cá, a fé só cresceu. A relação com o santo nunca se desfez — pelo contrário. "Ajudamos na Festa Junina de Santo Antônio desde os 17 anos. Nossa barraca é a das bebidas", conta Sumara.

 

Coração da devoção

Todas essas histórias de amor e fé têm um ponto em comum: O Santuário Santo Antônio, localizado na 911 Norte. A igreja é a única dedicada exclusivamente ao santo casamenteiro dentro do Plano Piloto de Brasília. À frente das celebrações está o Frei Edgar Alves, OFM, reitor do santuário. 

Segundo o padre, a devoção ao santo só cresce. "Antes, tínhamos cerca de 20 mil pessoas ando aqui no dia 13 (amanhã). Hoje, são mais de 40 mil fiéis ao longo do dia. É uma demonstração de fé impressionante", afirma. Entre essas pessoas, muitos jovens. "Eles ainda buscam a intercessão de Santo Antônio, sim. Seja para encontrar um companheiro comprometido com a fé, seja para desabafar ou até descobrir sua própria vocação. Às vezes, o chamado de Santo Antônio não é para o casamento, mas para o sacerdócio ou a vida religiosa", pondera.

Mais do que unir corações, a missão do santuário é manter viva a mensagem de solidariedade e fé de Santo Antônio. "Ele une as pessoas com amor, para que cheguem ao sacramento do matrimônio com a bênção de Deus. É isso que queremos celebrar neste dia 13: o amor verdadeiro e a força da fé", conclui Frei Edgar.

 


Escala de missas do Dia de Santo Antônio, na igreja da 911 Sul

00h05 Dom Ricardo Hoepers

6h Matriz Frei Wanderley, OFM

7h Salão Padre Jackson

8h Matriz Frei Carlos, OFM

09h Salão Dom Antônio Aparecido

10h Matriz Dom Vicente Tavares

11h Salão Dom Denilson Geraldo

12h Matriz Frei Edgar, OFM

13h Salão Padre Wenderson

14h Matriz Frei William, OFM

15h Salão Frei Rogério, OFM

16h Matriz Frei Jair, OFM

17h Salão  Pe. Valterlânio -Capelão Da Marinha

18h Matriz  Frei Claudio, OFMcap

19h Salão  Frei William, OFM

20h Matriz  Dom Raymundo Damasceno

postado em 12/06/2025 08:00
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