
Crítica // Síndrome da apatia ★★★
Um mistério paira na Suécia contemporânea: depois de batizar a famosa Síndrome de Estocolmo, aquele país tem lidado, num crescente, com a chamada síndrome de Resignação. Mais de 700 crianças foram diagnosticadas com a doença que as deixa paralisada, sem traço de reação a situações de medo.
Há 13 anos, com A bela que dorme, o politizado Marco Belloccchio decifrou eventos em torno de uma protagonista em coma, enquanto, recentemente, foi Pedro Almodóvar quem verificou a melancolia dominante na trama de O quarto ao lado (estrelado por Tilda Swinton). Agora, o diretor grego Alexandros Avranas, criador do roteiro de Síndrome da apatia (ao lado de Stavros Pamballis), afunila o drama — situado na terra de Bergman — com peso para a carga psicológica e a estrutura de dominação operante por autoridades. No filme, refugiados russos, o casal Natalia (Chulpan Khamatova) e Sergey (Grigoriy Dobrygin), junto com as filhas Alina (Naomi Lamp) e Katja (Miroslava Pashutina), tentam se integrar ao estilo de vida escandinavo.
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Com uma montagem tensa a cargo de Dounia Sichov, o filme lembra a construção da produção Divino amor, elaborada em 2019 pelo pernambucano Gabriel Mascaro. Com enredo de impacto ancorado em controle social e morbidez, o longa, não por acaso, faz paralelo com a estridência da frieza da morte reservada a Alexei Navalnaya (opositor do governo russo, morto em 2024), justamente em instalações prisionais no Círculo Polar Ártico.
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